Capa do livro

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sábado, 20 de outubro de 2012

E-mail a Sonia Bridi


Sonia,
Acompanho suas matérias não é de hoje, e elas sempre me chamaram a atenção fruto de sua sensibilidade em perceber as “coisas”, adentrá-las com delicadeza, esmiuçá-las com presteza cirúrgica, colocando-as densas, resumidas ao essencial para o público.
Somando suas habilidades jornalísticas aliadas as suas características pessoais, creio ser você a pessoa que poderá dar-me a resposta para o teor da carta logo a seguir.
Nas mídias temos visto a carta da filha de Genoíno,que, apesar de contundente, não traz fatos novos, tampouco diminui o peso das atitudes paternas.  Esta citação serve apenas como fio condutor para outra carta, esta de desespero de uma filha, como verá agora:

“Meu nome é Carla. Sou filha da Vitória, frequentadora do Facebook. Estou há vários dias preocupada com minha mãe por causa de sua obsessão em acompanhar o drama que está vivendo por causa do Aerus. Ela acorda e a primeira coisa que faz é ligar a internet.
Fica o dia inteiro acompanhando tudo na esperança de ler a grande notícia que vai voltar a receber os seus benefícios, fruto de um dia: uma nova decepção. Sempre o governo encontra uma forma de não pagar o que ficou decidido através de sentença judicial. O estado de nervos de minha mãe piorou muito ontem ao longo do dia, pois estava na expectativa de a qualquer momento ser anunciado o pagamento da folha do Aerus por parte da União. Percebi, de repente, que minha mãe estava há muito tempo parada em frente ao computador e achei estranho. Chamei e ela não respondeu. Dei um pulo do sofá e fiquei desesperada ao ver que ela estava parada, com a mão à altura do peito, sem conseguir falar. Gritei pedindo ajuda a um vizinho.
Ele chamou a ambulância, que graças a Deus chegou em 15 minutos. Enquanto aguardava a ambulância ainda vi na tela a notícia que minha mãe estava lendo, informando que o governo impugnou a sentença e não vai pagar aos aposentados do Aerus. Ali estava a causa de minha mãezinha ter passado mal. Chegamos ao hospital e minha mãe foi imediatamente atendida e levada para a UTI.

Ficamos desesperados aguardando, quando chegou o médico informando que ela teve um infarto agudo. Preciso dizer que entrei em pânico? Minha amada mãe, a pessoa mais importante de minha vida, correndo risco de vida? Perdi o controle, tiveram que me
dar um sedativo. Quando acordei me disseram que o quadro dela é grave, O que fazer, meu Deus? Aquela que me deu tudo na vida,que me ensinou bons princípios, a sempre agir dentro dos princípios do bom caráter, a ser generosa e compreensiva, de repente podia me deixar sozinha?
Foi neste momento que pela primeira vez na minha vida desejei o mal a alguém. Desejei o mal para todos aqueles que contribuíram para o fim da Varig, destruindo não só os aviões mas o sonhos de milhares de pessoas. Tive ódio Tanto dos políticos, quanto dos péssimos administradores da Varig.
Quero que todos eles paguem por tudo o que minha adorada mãezinha vem passando. Não é possível que esse bando de canalhas tenha feito mal a tanta gente e isso fique impune. Confesso tristemente que já perdi as esperanças e nem sei mais se Deus existe, ou se existe Ele nos abandonou definitivamente.
Peço perdão pelo meu desabafo, mas é que atingi o limite de minha paciência ao ver minha mãe num leito, que talvez seja o de sua morte.
Carla”
Sandra, eis o relato claro do que se passou com minha colega/aposentada. A pergunta solta no ar é: a quem devemos imputar a possível perda de Vitória e como podemos chamar os mais de 700 vitimados pela tragédia Varig/Aerus?
Considerando que o número citado é praticamente a lotação de 2 aviões wide-body, poderíamos denominá-la de o maior acidente aéreo do mundo?
Tenho certeza que você terá a resposta em futura matéria.
Um abraço fraterno,
Cláudia Vasconcelos
22/10/12

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