Rio, 06/08/2013.
Carta aberta ao Sr. Ministro Joaquim Barbosa.
Sr. Ministro, ontem, como já deve ser de seu conhecimento, o Variguiano José Manoel voltou a entrar em greve de fome. Na primeira vez ele conseguiu o "milagre" de acelerar seu parecer na questão referente à tutela antecipada. Questão esta que vinha pendente deste outubro do ano passado, sem prazo e sem satisfação a nós que do lado de cá, esperávamos e dependíamos ansiosamente de seu posicionamento. Pois bem, finalmente veio de forma impessoal seu retumbante não.
Agora José Manoel lhe enfrenta novamente. Seu pleito é o seu voto no julgamento, ganho em todas as instâncias e com o voto magistral da relatora, Ministra Carmem Lúcia. Julgamento este interrompido por seu pedido de vistas. Cá estamos nós novamente, sem prazo e sem satisfação, reféns de vossa vontade. Supúnhamos que voltaria para pauta em junho, não voltou. Em julho veio o recesso. Esperávamos para agosto mas, segundo consta, este será procrastinado para setembro, a depender do julgamento do mensalão. Ao término deste, sabe-se lá quando, veremos qual outro subterfúgio se interporá....
Vou usar aqui a linguagem coloquial das ruas, e propor um "papo reto".
Nós já temos provas incontestes de pra que lado o Sr. se inclina, tudo bem, agora dê o direito aos seus pares de se manifestar. Estamos vivenciando uma insegurança jurídica, que está nos torturando e oprimindo. Pelo amor de Deus pare de torcer o torniquete ! Não somos criminosos. Somos trabalhadores idosos e caminhando nossos últimos passos. Não disponha de nosso tempo de vida desqualificando todos os aspectos envolvidos, incluindo o estatuto do idoso.
Voltando ao "papo reto", não lhe dói na consciência, não ?
Vários colegas estão morrendo pelo desgaste dessa espera de 7 anos !
Eu adquiri agora uma labirintite de fundo emocional e perdi 3 níveis de audição por conta desse panorama. Não há o que possa ser feito, segundo a minha médica, para restituir minha acuidade auditiva, tampouco se pode explicar ou tomar medidas profiláticas. Imputo a todos os autores diretos e indiretos dessa indecência jurídica, todos os suicídios, todas as mortes abreviadas e o fato de eu estar somatizando a ponto de acabar surda.
Já fizemos tudo conforme o preconizado juridicamente. Já nos manifestamos, já nos confinamos numa salinha com 13 idosos por 26 dias. O que mais querem que façamos, que nos matemos ao vivo ? Criando fato novo para imprensa ?
Eu me pergunto, qual é o sentido de existir o direito, os tribunais e a justiça ? Se não vejo objetividade alguma em fazer prosperar o preponderante. Não compreendo o raciocínio que está por trás de uma justiça que no final das contas, juramentadamente, aniquila, destrói, desconsidera, tortura de forma desumana e ainda tripudia, esfregando-nos nas ventas sua sapiência superior, suas muitas leis e brechas e recursos e agravos e interpretações, pedidos de vistas e sei lá mais o quê...
Não nos humilhe mais do que já temos sido humilhados. Não chute cachorro morto. Isso não é um procedimento digno a qualquer pessoa de bem. Não queremos sua piedade, até porque, duvido que ela exista. Queremos que o Sr. cumpra as suas atribuições, pois essa foi sua escolha. Não estamos pedindo um favor, afinal, somos nós quem sustentamos todas as instituições do país através de nossos impostos. Gostaria, fique o Senhor sabendo, de estar me dirigindo agora, não ao Min. Joaquim Barbosa, dono de um curriculum invejável e de uma carreira brilhante, e sim ao trabalhador, ao pedreiro Joaquim Barbosa, que certamente cavou pedras com as unhas para chegar onde chegou. Este, tenho plena certeza me entenderia, e se indignaria tanto quanto eu. Senhor Ministro, já está entrando para a sua biografia e vai ser muito sério esse duelo entre Davi e Golias, sabe porque ? Por que quem está arrancando as unhas agora na superfície árida, arestada e inóspita, desse muro de indiferença que é o sistema judiciário Brasileiro, do qual o Senhor é detentor do mais relevante patamar como Presidente da Suprema Corte, é um trabalhador. Ele se chama José Manoel e não foge a luta e nem põe o único bem que possui, que é sua vida, em risco por brincadeira não. Lembre-se, mesmo que remotamente, da sua gana pela sobrevivência. É desse destemor que o trabalhador aposentado José Manoel está possuído. Se o Senhor fizer uma retrospectiva, vai concluir facilmente, que agora vai ser páreo duro ! Não há nada que arrefeça a obstinação de um homem valoroso em busca de sua sobrevivência, pois além da necessidade em si, ele tem como alimento seus princípios. Um dia como todos nós o Senhor se verá despido de suas roupas, de suas glórias, de seus títulos, completamente nu diante de si mesmo e de alguma entidade superior, e sem possibilidade de artimanhas jurídicas tudo que poderá apresentar, serão seus atos. Faça um exame de consciência. Ainda dá tempo de o Senhor não ter para mostrar, unicamente um par mãos vazias.
Com toda indignação de que sou capaz.
Comissária aposentada da Varig.
Angel Nunes.
Carta aberta ao Sr. Ministro Joaquim Barbosa.
Sr. Ministro, ontem, como já deve ser de seu conhecimento, o Variguiano José Manoel voltou a entrar em greve de fome. Na primeira vez ele conseguiu o "milagre" de acelerar seu parecer na questão referente à tutela antecipada. Questão esta que vinha pendente deste outubro do ano passado, sem prazo e sem satisfação a nós que do lado de cá, esperávamos e dependíamos ansiosamente de seu posicionamento. Pois bem, finalmente veio de forma impessoal seu retumbante não.
Agora José Manoel lhe enfrenta novamente. Seu pleito é o seu voto no julgamento, ganho em todas as instâncias e com o voto magistral da relatora, Ministra Carmem Lúcia. Julgamento este interrompido por seu pedido de vistas. Cá estamos nós novamente, sem prazo e sem satisfação, reféns de vossa vontade. Supúnhamos que voltaria para pauta em junho, não voltou. Em julho veio o recesso. Esperávamos para agosto mas, segundo consta, este será procrastinado para setembro, a depender do julgamento do mensalão. Ao término deste, sabe-se lá quando, veremos qual outro subterfúgio se interporá....
Vou usar aqui a linguagem coloquial das ruas, e propor um "papo reto".
Nós já temos provas incontestes de pra que lado o Sr. se inclina, tudo bem, agora dê o direito aos seus pares de se manifestar. Estamos vivenciando uma insegurança jurídica, que está nos torturando e oprimindo. Pelo amor de Deus pare de torcer o torniquete ! Não somos criminosos. Somos trabalhadores idosos e caminhando nossos últimos passos. Não disponha de nosso tempo de vida desqualificando todos os aspectos envolvidos, incluindo o estatuto do idoso.
Voltando ao "papo reto", não lhe dói na consciência, não ?
Vários colegas estão morrendo pelo desgaste dessa espera de 7 anos !
Eu adquiri agora uma labirintite de fundo emocional e perdi 3 níveis de audição por conta desse panorama. Não há o que possa ser feito, segundo a minha médica, para restituir minha acuidade auditiva, tampouco se pode explicar ou tomar medidas profiláticas. Imputo a todos os autores diretos e indiretos dessa indecência jurídica, todos os suicídios, todas as mortes abreviadas e o fato de eu estar somatizando a ponto de acabar surda.
Já fizemos tudo conforme o preconizado juridicamente. Já nos manifestamos, já nos confinamos numa salinha com 13 idosos por 26 dias. O que mais querem que façamos, que nos matemos ao vivo ? Criando fato novo para imprensa ?
Eu me pergunto, qual é o sentido de existir o direito, os tribunais e a justiça ? Se não vejo objetividade alguma em fazer prosperar o preponderante. Não compreendo o raciocínio que está por trás de uma justiça que no final das contas, juramentadamente, aniquila, destrói, desconsidera, tortura de forma desumana e ainda tripudia, esfregando-nos nas ventas sua sapiência superior, suas muitas leis e brechas e recursos e agravos e interpretações, pedidos de vistas e sei lá mais o quê...
Não nos humilhe mais do que já temos sido humilhados. Não chute cachorro morto. Isso não é um procedimento digno a qualquer pessoa de bem. Não queremos sua piedade, até porque, duvido que ela exista. Queremos que o Sr. cumpra as suas atribuições, pois essa foi sua escolha. Não estamos pedindo um favor, afinal, somos nós quem sustentamos todas as instituições do país através de nossos impostos. Gostaria, fique o Senhor sabendo, de estar me dirigindo agora, não ao Min. Joaquim Barbosa, dono de um curriculum invejável e de uma carreira brilhante, e sim ao trabalhador, ao pedreiro Joaquim Barbosa, que certamente cavou pedras com as unhas para chegar onde chegou. Este, tenho plena certeza me entenderia, e se indignaria tanto quanto eu. Senhor Ministro, já está entrando para a sua biografia e vai ser muito sério esse duelo entre Davi e Golias, sabe porque ? Por que quem está arrancando as unhas agora na superfície árida, arestada e inóspita, desse muro de indiferença que é o sistema judiciário Brasileiro, do qual o Senhor é detentor do mais relevante patamar como Presidente da Suprema Corte, é um trabalhador. Ele se chama José Manoel e não foge a luta e nem põe o único bem que possui, que é sua vida, em risco por brincadeira não. Lembre-se, mesmo que remotamente, da sua gana pela sobrevivência. É desse destemor que o trabalhador aposentado José Manoel está possuído. Se o Senhor fizer uma retrospectiva, vai concluir facilmente, que agora vai ser páreo duro ! Não há nada que arrefeça a obstinação de um homem valoroso em busca de sua sobrevivência, pois além da necessidade em si, ele tem como alimento seus princípios. Um dia como todos nós o Senhor se verá despido de suas roupas, de suas glórias, de seus títulos, completamente nu diante de si mesmo e de alguma entidade superior, e sem possibilidade de artimanhas jurídicas tudo que poderá apresentar, serão seus atos. Faça um exame de consciência. Ainda dá tempo de o Senhor não ter para mostrar, unicamente um par mãos vazias.
Com toda indignação de que sou capaz.
Comissária aposentada da Varig.
Angel Nunes.
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