Viagem no tempo09/09/2012 | 08h17
Acervo do Museu da Varig pode ir a leilão
O local está fechado à visitação desde 2006
Foto: Diego Vara / Agencia RBS
Elio Bandeira
Orgulho dos gaúchos durante décadas, a história da Varig corre o risco de não ser conhecida pelas gerações futuras. O acervo do museu da companhia, fechado desde 2006, pode ir a leilão no próximo ano para o pagamento de dívidas.
Mesmo que a reabertura do local seja intenção dos gestores da massa falida, as negociações para que uma organização pública ou privada assuma o material não evoluíram nos últimos anos.
Situado em um hangar na área do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e cercado por um muro, o local abriga peças de valor inestimável para a aviação brasileira, como o primeiro bilhete emitido pela Varig, o primeiro simulador de voo e antigos uniformes da companhia que reinou durante anos no céu do Brasil.
Conforme os atuais gestores da massa falida da companhia, responsável pela guarda do museu, a maioria dos itens está protegida por redomas de vidro, como ocorria quando o local estava aberto ao público e visitas periódicas são realizadas para manutenção e limpeza.
A peça que desperta maior interesse, porém, é o antigo DC-3, prefixo PP-ANU, que repousa em um terreno do estacionamento de uma empresa de guindastes. A fuselagem está em bom estado de conservação, mas a aeronave apresenta sujeira e musgo, resultado da ação do tempo. O acesso à cabine está protegido por um cadeado, mas é possível notar a necessidade de reforma nas poltronas. Todos os meses aparecem pessoas — inclusive do Exterior — pedindo para acessar o terreno e tirar fotos do avião.
Ao lado do DC-3 está um tanque extra de combustível de um avião Super Constellation, utilizado para longas distâncias. Ao lado do avião há duas placas de bronze. Em uma delas, está uma frase do ex-presidente Getúlio Vargas que diz: "A aviação é a predestinação histórica dos brasileiros".
A reabertura do espaço, no entanto, não será fácil. O acervo está sob o controle da massa falida da empresa e o processo judicial está na 2ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), aos cuidados da juíza Márcia Cunha. Os interessados em assumir o museu devem encaminhar um projeto, que será analisada pela juíza e pelos representantes dos credores. Segundo o gestor judicial da massa falida da Varig, Jaime Canha, nada foi formalizado até agora e se a questão não evoluir, o acervo corre o risco de ser leiloado no primeiro semestre do próximo ano.
— Nossa intenção é que todos esses itens sejam assumidos por alguém que tenha responsabilidade e cuidado adequado. A memória da Varig agradeceria isso — afirmou.
Atualmente, existem cerca de 10 mil credores trabalhistas da antiga Varig e desde dezembro passado começaram os leilões de bens da empresa para o pagamento de dívidas. O valor arrecadado no último leilão, realizado em junho, foi de R$ 22,6 milhões, envolvendo basicamente a negociação de imóveis. Na ocasião, seis aeronaves sucateadas (modelos Boeing 727 e 737) foram adquiridas por R$ 153 mil. Em outubro, devem ser leiloados outros imóveis da empresa.
PUCRS tem interesse no acervo
Disposição para assumir o acervo é o que não falta para o diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS, professor Elones Ribeiro. A ideia surgiu logo após o encerramento das operações da Varig e a universidade chegou a formalizar uma carta de intenções, mas o processo não avançou. Os itens ficariam dentro do Museu de Ciência e Tecnologia da instituição de ensino.
O antigo avião DC-3 seria recuperado e colocado em frente ao prédio. Além disso, o material também serviria para os alunos da disciplina de História da Aviação, dentro da faculdade. Os recursos para viabilizar o projeto seriam obtidos com fundos de pesquisa.
— Gostaríamos de trazer todo o material para a universidade, pois tudo o que está no museu é muito importante para a história da aviação comercial brasileira — ressalta o professor.
Também para a memória do povo gaúcho a reabertura do museu seria fundamental, conforme assinala a coordenadora da Comissão de Graduação da Faculdade de Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lizete Dias de Oliveira. Segundo a professora, a capital gaúcha conta com um bom número de museus, mas o espaço seria um acréscimo substancial.
— A Varig foi uma empresa muito importante para o nosso Estado e por isso seria relevante dispor de um museu que reconte a história da companhia e demonstre a relevância dessa instituição no Brasil e no século 20 — enfatiza.
Mesmo que a reabertura do local seja intenção dos gestores da massa falida, as negociações para que uma organização pública ou privada assuma o material não evoluíram nos últimos anos.
Situado em um hangar na área do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e cercado por um muro, o local abriga peças de valor inestimável para a aviação brasileira, como o primeiro bilhete emitido pela Varig, o primeiro simulador de voo e antigos uniformes da companhia que reinou durante anos no céu do Brasil.
Conforme os atuais gestores da massa falida da companhia, responsável pela guarda do museu, a maioria dos itens está protegida por redomas de vidro, como ocorria quando o local estava aberto ao público e visitas periódicas são realizadas para manutenção e limpeza.
A peça que desperta maior interesse, porém, é o antigo DC-3, prefixo PP-ANU, que repousa em um terreno do estacionamento de uma empresa de guindastes. A fuselagem está em bom estado de conservação, mas a aeronave apresenta sujeira e musgo, resultado da ação do tempo. O acesso à cabine está protegido por um cadeado, mas é possível notar a necessidade de reforma nas poltronas. Todos os meses aparecem pessoas — inclusive do Exterior — pedindo para acessar o terreno e tirar fotos do avião.
Ao lado do DC-3 está um tanque extra de combustível de um avião Super Constellation, utilizado para longas distâncias. Ao lado do avião há duas placas de bronze. Em uma delas, está uma frase do ex-presidente Getúlio Vargas que diz: "A aviação é a predestinação histórica dos brasileiros".
A reabertura do espaço, no entanto, não será fácil. O acervo está sob o controle da massa falida da empresa e o processo judicial está na 2ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), aos cuidados da juíza Márcia Cunha. Os interessados em assumir o museu devem encaminhar um projeto, que será analisada pela juíza e pelos representantes dos credores. Segundo o gestor judicial da massa falida da Varig, Jaime Canha, nada foi formalizado até agora e se a questão não evoluir, o acervo corre o risco de ser leiloado no primeiro semestre do próximo ano.
— Nossa intenção é que todos esses itens sejam assumidos por alguém que tenha responsabilidade e cuidado adequado. A memória da Varig agradeceria isso — afirmou.
Atualmente, existem cerca de 10 mil credores trabalhistas da antiga Varig e desde dezembro passado começaram os leilões de bens da empresa para o pagamento de dívidas. O valor arrecadado no último leilão, realizado em junho, foi de R$ 22,6 milhões, envolvendo basicamente a negociação de imóveis. Na ocasião, seis aeronaves sucateadas (modelos Boeing 727 e 737) foram adquiridas por R$ 153 mil. Em outubro, devem ser leiloados outros imóveis da empresa.
PUCRS tem interesse no acervo
Disposição para assumir o acervo é o que não falta para o diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS, professor Elones Ribeiro. A ideia surgiu logo após o encerramento das operações da Varig e a universidade chegou a formalizar uma carta de intenções, mas o processo não avançou. Os itens ficariam dentro do Museu de Ciência e Tecnologia da instituição de ensino.
O antigo avião DC-3 seria recuperado e colocado em frente ao prédio. Além disso, o material também serviria para os alunos da disciplina de História da Aviação, dentro da faculdade. Os recursos para viabilizar o projeto seriam obtidos com fundos de pesquisa.
— Gostaríamos de trazer todo o material para a universidade, pois tudo o que está no museu é muito importante para a história da aviação comercial brasileira — ressalta o professor.
Também para a memória do povo gaúcho a reabertura do museu seria fundamental, conforme assinala a coordenadora da Comissão de Graduação da Faculdade de Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lizete Dias de Oliveira. Segundo a professora, a capital gaúcha conta com um bom número de museus, mas o espaço seria um acréscimo substancial.
— A Varig foi uma empresa muito importante para o nosso Estado e por isso seria relevante dispor de um museu que reconte a história da companhia e demonstre a relevância dessa instituição no Brasil e no século 20 — enfatiza.
Grande DC-3. Ou C-47 para os paraquedistas de 2ª Grande Guerra e militares da época.
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