OS EXCLUÍDOS
Não, não me
chamou a atenção o fato da presidente Dilma falar sobre a diminuição da tarifa
de luz, tampouco se era uma notícia eleitoreira. O que me fez cravar os olhos
na tela da TV no dia 6/9/12, à noite, foi o fato de não haver nenhuma pessoa para
fazer a mensagem dos sinais dos surdos e mudos, ali no cantinho da tela. Não
deixava de ser um sinal. Um sinal claro que o Governo não tem fala, nem mesmo
olhos para os ditos excluídos. E, pasme, justamente na época de encerramento
das Paraolimpíadas, em Londres. Aqueles atletas que deixaram os fortes e “sem
defeitos” no chinelo em termos de dedicação em suas atividades e deram ao
Brasil um honroso 7º lugar no ranking de medalhas. Só para comparar, veja o
quadro abaixo:
Precisa
explicação? Então, vamos lá: esses atletas lutam diuturnamente para alcançarem
seus objetivos, enfrentam transporte público, não têm o empenho do Comitê
Olímpico Brasileiro (COB) dispensado aos “normais” e sequer patrocínio que lhes
garanta um lugar ao sol que tanto merecem. São paparicados tão somente ao
abocanhar medalhas. Aí, são recebidos por autoridades que querem tirar
fotografias com os heróis, são apresentados em entrevistas de pouca duração, fazem
uma propaganda comercial ou outra, e... deu. Depois são esquecidos pelos
próximos quatro anos.
Ah! Esse país
de tantas expectativas internacionais mostra a cara deslavada nas pernas,
braços, olhos que faltam nos risonhos vencedores.
Isso não é
novidade para nós, os variguianos/aposentados e pensionistas do Aerus. Não é
mesmo. Enquanto demos divisas à União, éramos tratados a pão de ló. Após a intervenção
de nosso fundo de pensão e a Varig foi falida, viramos massa de manobra
jurídica. Não importa se a maioria de nós é composta por pessoas com mais de 70
anos. Velho não dá ibope. Idosos morrem logo e o assunto está esquecido. Péra
aí, não é bem assim. Temos um passado glorioso, histórias que engrandecem a
Nação e fomos reconhecidos como os melhores do mundo num passado recente. O que
que há? Estão pensando que já vestimos e mortalha, que botamos nossos uniformes
de molho e os Ícaros de nossos brevês na caixinha do esquecimento? Nãnãninãnão.
Ainda temos pejo, e nossa vergonha é de termos que implorar por aquilo que nos
pertence e que ganhamos na Justiça. Mas nem esse pudor nos deterá. Está
chegando a hora de cobrarmos com veemência, sem violência, aquilo que nos é de
direito. Aguarde AGU e outros órgãos envolvidos. Estamos somente criando
estratégias para invadir sua praia. E que esse grito sirva para incentivar os
atletas paraolímpicos a terem mais visibilidade, mesmo que sem visão, pernas,
braços ou audição.
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