Capa do livro

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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Tributo


TIETA…GEM

Novelas, assisto sim.
Não me venha dizer que é anticultura. Elas sempre acrescentam algum conhecimento, principalmente por mostrarem pedaços e culturas brasileiras que desconhecemos. Elas esmiúçam o palavreado, o jeito, a gastronomia, os lugares típicos, os preconceitos, os grupos sociais, o recato, a malandragem, as sutilezas, as delicadezas, os dramas, os segredos e tantos outros adjetivos que nos enredam em entendimentos.
A experiência de ser telespectador na prática nos coloca na posição de críticos e haja talento do autor/a para que seja prazerosa.
A construção do texto, os personagens, os diálogos, o suspense, a continuidade, a direção, a escolha das locações, dos atores e atrizes, dos figurinos, a caracterização, a trilha sonora, e tudo que envolve a produção em si são meticulosas e seu objetivo é entreter àquele que assiste.
Jorge Amado era um construtor de histórias com personagens marcantes, e isso foi constatado pelos milhões de leitores de seus livros. Um, em especial, teve desdobramentos em outras mídias. Tieta do Agreste virou novela da Rede Globo em 1989, filme de Cacá Diegues em 1996, além de musical em 2008, estrelado por Tânia Alves.
Eu, leitora voraz, não fiquei impune à leitura envolvente do livro e vibrei quando do lançamento da novela.
Ah! Essa novela..., a adaptação televisiva do romance me cativou, ou melhor, me transformou em prisioneira da tela, uma refém do horário das oito.
Tieta é expulsa de casa por Zé Esteves, seu pai, devido ao seu comportamento liberal. Humilhada foge para São Paulo. Reaparece em Santana do Agreste vinte e cinco anos depois com o intuito de se vingar da família e daqueles que a maltrataram no passado. Rica e poderosa, seu aparecimento causa furor na pequena cidade e muda a rotina dos moradores locais.
Eu poderia resumir a novela, mas esse não é o meu propósito, até porque grande parte da população brasileira conhece o enredo. O que me levou a escrever este texto foi uma sensação única e privilegiada que me impressionou durante a aula de hidroginástica desta quarta-feira (23/5). Stella Torreão, nossa professora, colocou a música “A Luz de Tieta”, de Caetano Veloso e na plataforma da piscina encontrava-se Betty Faria, a personagem. Era a “criatura” e sua trilha sonora. Fiquei observando a cena e fui assaltada pelas emoções da época da novela. Naquele instante, me dei conta das facilidades cariocas, da proximidade dos artistas a quem admiramos. Betty/Tieta me arrebatou durante 196 capítulos e hoje privo de sua amizade. É, isso aconteceu. Deu-se no banheiro da academia, ali as mulheres se desnudam duas vezes todos os dias, primeiro para tirar o maiô e depois do banho quando sacam suas toalhas sem pudores, para colocarem seus modelitos. E, entre nós, não foi diferente, no tapete úmido os pés descalços e a indiferença com o corpo alheio, só as conversas e consequentes risadas importam. Ficamos amigas e na nudez somos todas iguais. Mas ela ainda é um ícone e na plataforma eu a reconheci como a grande atriz que eletrizou o Brasil.
Confesso, fiz TIETA...gem.

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