TIETA…GEM
Novelas, assisto sim.
Não me venha
dizer que é anticultura. Elas sempre acrescentam algum conhecimento,
principalmente por mostrarem pedaços e culturas brasileiras que desconhecemos.
Elas esmiúçam o palavreado, o jeito, a gastronomia, os lugares típicos, os
preconceitos, os grupos sociais, o recato, a malandragem, as sutilezas, as
delicadezas, os dramas, os segredos e tantos outros adjetivos que nos enredam
em entendimentos.
A experiência
de ser telespectador na prática nos coloca na posição de críticos e haja
talento do autor/a para que seja prazerosa.
A construção
do texto, os personagens, os diálogos, o suspense, a continuidade, a direção, a
escolha das locações, dos atores e atrizes, dos figurinos, a caracterização, a
trilha sonora, e tudo que envolve a produção em si são meticulosas e seu
objetivo é entreter àquele que assiste.
Jorge Amado
era um construtor de histórias com personagens marcantes, e isso foi constatado
pelos milhões de leitores de seus livros. Um, em especial, teve desdobramentos
em outras mídias. Tieta do Agreste virou novela da Rede Globo em 1989, filme de
Cacá Diegues em 1996, além de musical em 2008, estrelado por Tânia Alves.
Eu, leitora
voraz, não fiquei impune à leitura envolvente do livro e vibrei quando do
lançamento da novela.
Ah! Essa novela...,
a adaptação televisiva do romance me cativou, ou melhor, me transformou em
prisioneira da tela, uma refém do horário das oito.
Tieta é
expulsa de casa por Zé Esteves, seu pai, devido ao seu comportamento liberal.
Humilhada foge para São Paulo. Reaparece em Santana do Agreste vinte e cinco
anos depois com o intuito de se vingar da família e daqueles que a maltrataram
no passado. Rica e poderosa, seu aparecimento causa furor na pequena cidade e
muda a rotina dos moradores locais.
Eu poderia
resumir a novela, mas esse não é o meu propósito, até porque grande parte da
população brasileira conhece o enredo. O que me levou a escrever este texto foi
uma sensação única e privilegiada que me impressionou durante a aula de
hidroginástica desta quarta-feira (23/5). Stella Torreão, nossa professora,
colocou a música “A Luz de Tieta”, de Caetano Veloso e na plataforma da piscina
encontrava-se Betty Faria, a personagem. Era a “criatura” e sua trilha sonora.
Fiquei observando a cena e fui assaltada pelas emoções da época da novela.
Naquele instante, me dei conta das facilidades cariocas, da proximidade dos
artistas a quem admiramos. Betty/Tieta me arrebatou durante 196 capítulos e
hoje privo de sua amizade. É, isso aconteceu. Deu-se no banheiro da academia,
ali as mulheres se desnudam duas vezes todos os dias, primeiro para tirar o
maiô e depois do banho quando sacam suas toalhas sem pudores, para colocarem
seus modelitos. E, entre nós, não foi diferente, no tapete úmido os pés
descalços e a indiferença com o corpo alheio, só as conversas e consequentes risadas
importam. Ficamos amigas e na nudez somos todas iguais. Mas ela ainda é um
ícone e na plataforma eu a reconheci como a grande atriz que eletrizou o Brasil.
Confesso, fiz
TIETA...gem.
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