Capa do livro

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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Quando a arte comove.


Rio de Janeiro, 5/12/2011

Vera,
Já passa de meia-noite e cá estou tentando achar as palavras que caibam para descrever a emoção sentida ao assistir “Palácio do Fim” nesse domingo.
Ali na cadeira 16 primeiro olhei com minúcia o teatro de arena que tanto aproxima atores da platéia e deixa fluir as vibrações em encontro que comove, move e alimenta; depois me mantive alerta para a expectativa instalada em vê-la em cena, visto que a tela de televisão já havia mostrado sua habilidade em perceber, emocionar e levar ao público o texto do autor.
O elenco, a direção, a cenografia, a iluminação, os figurinos, o programa, a criação musical, são irretocáveis. O texto denso, marcado, forte, tensiona músculos, seca a saliva e joga adrenalina do palco aos espectadores. A peça vai num crescendo, abalando, impressionando e trazendo a tona tragédias de pessoas que vivenciaram a ditadura iraquiana, a arrogância daqueles que se julgam no direito de invadir um país para melhorá-lo, usurpando sua cultura, roubando-lhes direitos, querendo impor-lhes ocidentalização, arrancando-lhes as raízes e daqueles que, mesmo negando o motivo, assistiram torturas, estupros e mortes descabidas.
Sua interpretação de Nehrjas Al Saffarh vai aumentando de intensidade, seu olhar ganha força, suas mãos tremem, sua voz atordoa e seu gestual imitando o ventilador faz as pás dos corações presentes girarem como móbile enlouquecido em furacão, culminando com nossas lágrimas pela dor de seus filhos, de sua pátria, de seu marido, de suas crenças. Magistral!
Sou uma apaixonada por teatro, por arte, pela criatividade do autor, pela doação dos atores e sei o quanto é importante a manifestação do público, da admiração, dos aplausos. Ver e fazer parte do público que os aplaudiu em pé por tantos minutos me fez entender mais do que nunca a frase de Confúcio: “Escolha um trabalho que ama e não terá que trabalhar um só dia em sua vida”. Se ela foi fundamental em minha vida de aeromocinha, tenho certeza que lhe cabe como direito, já que atuar seja tão natural para você.
Obrigada por horas inesquecíveis, obrigada por me fazer chorar. Perdoe-me se mal falei com você, estava perplexa com tantos sentimentos. Aguardarei seus comentários sobre o Estrela Brasileira.

Cláudia Vasconcelos

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