Capa do livro

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sábado, 30 de novembro de 2013

Será que o juiz irá aprovar tamanha desfaçatez? A Varig na bacia das almas


O Estado de S.Paulo
28 de novembro de 2013 | 18h 22
Leilão de bens da Varig arrecada R$ 28 milhões
ANTONIO PITA - Agencia Estado
RIO - O Tribunal de Justiça do Rio arrecadou R$ 28 milhões com o leilão de bens das empresas Varig, Rio Sul e Nordeste Linhas Aéreas. Foram oferecidos 52 imóveis, sete veículos, equipamentos de escritório e de aviação, além de lotes de obras de arte, estimados, no total, em R$ 40 milhões. De acordo com o TJ, a média de deságio no leilão foi de 50%.
Os principais ativos do leilão foram imóveis em Brasília, São Paulo e Fortaleza, além de obras de arte. Alguns itens leiloados com valores muito abaixo do estipulado pelos leiloeiros deverão ser aprovados pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo processo de falência da empresa. Segundo o Tribunal de Justiça, os itens e ofertas também precisarão receber um parecer do Ministério Público antes de ter a venda confirmada.
Entre os itens estão dois imóveis na Rua da Consolação, em São Paulo, avaliados em mais de R$ 5,5 milhões. O lance vencedor foi de R$ 2,2 milhões. Outro lote contava com quatro imóveis onde funcionavam lojas da empresa na Av. São Luiz, no bairro da República, em São Paulo. Os imóveis foram avaliados em R$ 1,869 milhão, mas receberam lances de apenas R$ 750 mil.
O leilão foi determinado pela 1ª Vara Empresarial da Capital, onde tramita o processo de falência da empresa. O valor arrecadado será juntado a outros R$ 37 milhões arrecadados em outros leilões e já depositados na conta da Varig sob administração do juiz Luiz Roberto Ayoub. O montante será utilizado para o pagamento de dívidas e indenizações trabalhistas estimados, à época da falência, decretada em 2010, em R$ 7 bilhões.
Pelo modelo do leilão, os lotes que não despertaram interesse de compradores tiveram seus lances iniciais, estabelecidos a partir de análises técnicas, reduzidos entre 70% e 50%. Apesar da redução, alguns itens não foram arrematados, como um treinador de voo para jatos, estimado em R$ 80 mil, e equipamentos de escritório.

Segundo o Tribunal de Justiça, ainda estão previstos mais dois leilões de bens pertencentes à Varig, que deverão acontecer em 2014. A empresa pediu recuperação judicial em 2005. Foi a primeira empresa a se beneficiar da nova Lei de Falências, promulgada quatro meses antes do pedido de recuperação.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Experiência variguiana a serviço dos clientes

Personal flyer que mora em Florianópolis usa conhecimento de piloto para acalmar passageiros em voos
Luiz Bassani presta serviços desde 2005 e acompanha passageiros em viagens
Juliana Almeidajuliana.almeida@horasc.com.br

Luiz Bassani foi piloto da Varig por 29 anos Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS

Será que o avião vai cair? Essa é a primeira pergunta que algumas pessoas se fazem antes de entrar em um voo. Para Luiz Antônio Bassani Teixeira, 58 anos, ex-comandante da Varig, essa é a última pergunta que faz aos passageiros que contratam seus serviços durante uma viagem de avião. 
Desde 2005, ele é personal flyer — termo que o próprio inventou — e acompanha passageiros uma hora antes da decolagem, durante o voo e 30 minutos depois da chegada. O tempo antes e depois do voo é mesmo o que usava para se preparar quando era piloto — ele trabalhou por 29 anos na Varig. 
O serviço dele — que custa US$ 250 a hora (cerca de R$ 582) — é de acompanhar quem tem medo de voar, usando todo seu conhecimento de piloto para acalmar a ansiedade dos passageiros.
— Vejo que muitas pessoas têm medo de chegarem atrasadas na hora do voo. Eu dou dicas de que documentos levar, mostro desenhos dos aviões e já cheguei a fazer um mapa do aeroporto para um passageiro chegar até o portão de embarque — conta o ex-comandante. 
Bassani conta que os passageiros querem saber tudo o que está acontecendo durante o voo: 
— Eles perguntam sobre barulhos, sobre os tripulantes, sobre o tempo. Com as minhas explicações, vão se acalmando — exemplifica. 
A rotina é de três voos por mês — normalmente saídos de São Paulo, com destinos a Brasília e cidades do Nordeste, por exemplo. Ele também acompanha os passageiros em voos internacionais, mas evita pela duração das viagens.
Desde 1996, o ex-comandante, que é carioca, mora em Florianópolis com a mulher — já habituada à rotina dos voos do marido.
O contato com quem o procura normalmente é feito por e-mail, para que Bassani conheça os motivos de ser contratado. Executivos são os clientes mais habituais.
— Alguns pais de famílias também me procuram porque têm medo de voar e não levam a família — cita.
O que ele indica para um voo tranquilo é tomar água de hora em hora, manter a calma, respirar corretamente e fazer até uma meditação.
— Eram as indicações que eu seguia nos meus voos — afirma o ex-comandante. 
Segundo livro já está pronto
Depois que se aposentou, Bassani escreveu o livro O Mundo do Avião - e Tudo o Que Você Precisa Para Perder o Medo de Voar. Ele também começou a fazer palestras onde explicava o funcionamento dos aviões e foi por causa disso que teve a ideia de começar a acompanhar os passageiros.
— Se as pessoas tivessem mais acesso, mais conhecimento do avião, não teriam esse medo — acredita o ex-comandante.
Bassani já escreveu o segundo livro, chamado de Voando sem medo, ainda sem previsão de lançamento. Para escrevê-lo, baseou-se em perguntas que os passageiros faziam nos seus voos. Ele coletou as informações durante cinco anos.
HORA DE SANTA CATARINA

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Documentário "O céu é o limite", imperdível.


Empresas aéreas no Brasil

A comparação natural entre o procedimento das companhias aéreas ditas brasileiras, de tempos atrás, com as de hoje apresenta profundas diferenças. Sem dúvida, na época longínqua da Panair e mais próxima da Varig, principais empresas do passado, as passagens eram, em termos relativos, mais caras, somente acessíveis a camadas mais bem aquinhoadas da população. Contudo, a diferença no tratamento aos passageiros chega a ser impactante.

Antes, os profissionais eram de uma eficácia e gentileza ímpares. O serviço de bordo, incluído no valor das passagens, era de primeira classe. Os vôos eram diretos, por exemplo, do Rio de Janeiro para o destino Nordeste.

Atualmente, o nível do atendimento caiu muito. De início, após o triste fim da Varig, resultando na verdadeira tragédia dos beneficiários do Aerus, é extremamente difícil o recrutamento de profissionais a altura dos antigos. O nível salarial não apresenta os mesmos atrativos e a política canibalesca do verdadeiro duopólio controlador (nenhuma das duas empresas com tradição nacional no ramo), de fato, do cartel existente na navegação aérea, demite inconsequentemente centenas de bons profissionais, as tripulações operam com um nível máximo de estresse, fato que explica a impossibilidade de prestação de um serviço de qualidade.

A falta de investimento nos aeroportos transformou-os em estações rodoviárias de baixa categoria, inferiores a muitas delas em funcionamento. Existem inúmeras escalas nos vôos, transformando-os em maratonas. É preciso cautela no trato com os comissários de bordo, sob o risco de denúncia a autoridades, resultando na retirada do passageiro da aeronave por policiais.

Os serviços existentes nos aeroportos nacionais, em sua maioria, são caros e ruins. O estacionamento é fonte de extorsão. Na volta ao Brasil, após mais de dez horas de viagem, o pobre do passageiro enfrenta um outro cartel, agora de cooperativas de táxis, que fazem o que querem, sem o devido controle das autoridades responsáveis, a exemplo do acontecido com os órgãos encarregados da proteção ao consumidor, mais de interessados em resguardar os interesses das empresas.

Caso o consumidor compre a passagem com muita antecedência na baixa temporada os preços ainda são atraentes. Porém, caso não possa viajar nas datas programadas, mesmo por razões de saúde, avisando com antecedência, é penalizado com a aplicação de multas e diferenças tarifárias, as quais resultam, em geral, em valores bem superiores aos das passagens normais. Se tiver que viajar então de emergência, uma simples passagem para o trajeto Rio–SP chega a mais de R$ 1 mil cada trecho. Ida e volta ficam por algo equivalente ao valor de uma passagem Rio–NY. Nos EUA as passagens são bem mais baratas para trechos até bem maiores, mesmo cotadas em dólares.

E o programa de milhagens, antes uma esperança de obtenção de uma justa contrapartida à fidelidade demonstrada pelo consumidor, passa a ser um verdadeiro trabalho de Hércules. Antigamente, com uma prudente antecedência, era possível, com 40 mil milhas, realizar uma viagem de ida e volta aos EUA, com 15 mil, à América do Sul e até com 2 mil, a destino nacional, sem ser época de promoção.

Agora, para os EUA, apenas consegue-se a ida por 25 mil e a volta por 95 mil, fora da alta temporada e com bastante antecedência. Se usarmos as empresas parceiras, o valor mínimo passa a ser de 35 mil milhas. É necessário fazer uma combinação com escala na volta, utilizando cerca de 70 mil milhas, por exemplo. Isto obriga um casal a comprar a outra passagem pelo valor de mercado, algo em torno de R$ 2.400, com marcação em loja, pois pela internet é impossível a conciliação.

Para destino nacional passou a ser de 6 mil milhas o mínimo necessário. As mudanças são feitas a qualquer tempo, sempre em prejuízo do consumidor, com flagrante violação do Código de Defesa do Consumidor, pois as regras sempre mudam em desfavor dele. E isto com a complacência conivente dos órgãos que deveriam proteger o passageiro/consumidor.

Desta forma, o programa de milhagem passou a ser desinteressante, desestimulando inclusive até o uso do cartão de crédito, um dos instrumentos de obtenção de pontos, além das viagens pelas respectivas empresas. Inclusive, atualmente deixou de valer o critério da distância percorrida, colocando-se no seu lugar o valor pago. Assim, uma passagem comprada em promoção deixa de ser computada.

Ao escrevermos este artigo, tivemos ciência de que, em 5 de novembro, começou a haver uma reação das autoridades responsáveis objetivando tentar controlar os abusos perpetrados, segundo o descrito acima.

Marcos Coimbra

"Caso Aerus" pode se repetir em outros fundos de pensão

A situação dos aposentados e pensionistas do fundo de previdência Aerus foi lembrada nesta segunda-feira (4) na audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) para debater o tema “Os fundos de pensão e a dignidade das pessoas”. Expositores e senadores avaliaram que o caso Aerus é o exemplo mais emblemático dos problemas que os fundos de pensão podem acarretar aos participantes se não forem respeitados os contratos.
O Aerus reúne dez mil aposentados e pensionistas que trabalharam nas empresas aéreas Varig e Transbrasil. Devido a um rombo financeiro, a entidade está sob intervenção e, desde 2006, o valor de aposentadorias e pensões pagas mensalmente aos ex-funcionários é de apenas 8% do valor devido, conforme as contribuições feitas ao longo dos anos por cada funcionário.
A líder do movimento dos aposentados do Aerus, Graziella Baggio, ex-dirigente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, observou que as pessoas estão envelhecendo e morrendo sem uma decisão, situação que retira a dignidade desses trabalhadores. Ela se queixou da demora do governo federal em sanar os problemas enfrentados pelos aposentados e pensionistas do Aerus.
– A situação do Aerus é porque os contratos não foram respeitados. Nem os contratos de renegociação [foram respeitados]. O que envolve essa discussão é também a impunidade dos administradores, não só dos fundos, mas dos patrocinadores – acrescentou.
Normas
Assim como Graziella Baggio, o assessor jurídico do Grupo em Defesa dos Participantes da Petros, Rogério José Pereira Derbly, considera que normas como a Resolução 26/2008, do Conselho de Gestão da Previdência Complementar, que abriu a possibilidade de devolução de parte do superávit dos fundos de pensão às empresas patrocinadoras; e a Resolução nº 11, de 13 de maio de 2013,  que permite a retirada de patrocínio de um fundo de pensão, representam, na prática, a possibilidade de quebra dos contratos firmados entre os fundos e os trabalhadores participantes.
– Se todos tivessem cumprido [os contratos] de forma fidedigna, [estaria] 'OK'. O Aerus é um mal exemplo para os outros planos – assinalou Derbly.
Drama
Segundo os debatedores, as possibilidades trazidas por essas normas, combinadas com uma gestão inadequada dos recursos dos fundos são fatais podem gerar novas "tragédias" como a do Aerus. O senador Paulo Paim (PT-RS) também cobrou uma definição sobre a situação do fundo Aerus. O parlamentar, que tem participado de reuniões entre representantes do governo e a comissão representativa do Aerus, lamentou a demora em se chegar a solução.
– Virou uma situação de drama permamente. Estão morrendo, em média, três pessoas [beneficiárias] do Aerus por mês – disse.
Para a presidente da Associação de Aposentados e Pensionistas do Banco do Brasil (AAPBB), Isa Musa Noronha, a situação do Aerus pode se repetir em outros planos como o Previ, que reúne os funcionários do BB. Em sua avaliação, os fundos de pensão não deveriam ser utilizados como empresas privadas.
– Quem recebe benefício é aposentado e pensionista. Patrocinador não pode nunca ser objeto de receber aportes de seu fundo de pensão. O Banco do Brasil tem engordado seus resultados milionários e aparecido na imprensa com destaque graças a os aportes que faz do resultados da Previ – criticou.
Mudanças
Antônio Braulio de Carvalho, diretor de planejamento e controladoria da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), que administra o plano de previdência complementar dos empregados da Caixa Econômica Federal, observou que desde sua fundação os fundos têm buscado se adaptar para garantir o equilíbrio entre interesses dos beneficiários e dos patrocinadores. Ele reconhece que é chegado o momento de rever e promover alterações nas regras da previdência complementar.
– Quando eu penso nos patrocinadores, eles sempre vão querer pagar menos do que devem. Essa é uma característica da relação capital-trabalho. E quando eu penso nos participantes, eles sempre vão querer incluir benefícios que não estão contratados. E quem vai pagar essa conta? – disse Carvalho.
O diretor-superintendente da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), José Maria Rabelo, reconheceu haver discordâncias com relação a resoluções e leis em vigência sobre o funcionamento desses fundos, mas reiterou que a Previc, como órgão fiscalizador, age dentro dos termos da lei.
Também participaram da audiência o diretor jurídico da Federação Nacional das Associações de Aposentados, Pensionistas e Anistiados do Sistema Petrobras e Petros (Fenaspe), Paulo Brandão; a senadora Ana Amélia (PP-RS); e o senador Wellington Dias (PT-PI).