Capa do livro

Capa do livro

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Dagoberto Aranha Pacheco dá seu depoimento sobre o Estrela Brasileira

28 de julho de 2011 12:58
ESTRELA BRASILEIRA de Cláudia Vasconcelos

Muitos escritores talentosos são originários do estado gaúcho e notadamente grandes historiadores como Érico Veríssimo e mais recentemente, Assis Brasil. Ficcionistas e contistas de invulgar talento como Tabajara Ruas e Charles Kiefer, só para citar os nomes mais próximos de minha memória, neste momento que redijo estas linhas.
Surpresa agradável foi deparar-me com Cláudia Vasconcelos, também oriunda dos pampas gaúchos, como competente historiadora e escritora. Seu recente livro Estrela Brasileira se constitui num documento importantíssimo da história, muito bem narrada e documentada, da maior companhia aérea que já tivemos e que igual, não teremos jamais. Com grande domínio da narrativa, tece um paralelo entre sua carreira pessoal—as difíceis escolhas, os treinamentos intensivos, a vontade férrea de vencer, os obstáculos na ascensão gradativa das mulheres num universo masculino e de tradição machista—e a da VARIG, desde quando era apenas uma companhia regional que se expandiu para vôos nacionais e no apogeu de sua internacionalização alcançou a reputação de uma das melhores companhias aéreas do planeta.
Para um privilegiado como eu que teve a oportunidade de trabalhar no exterior, por dez anos, voei com a Varig inúmera vezes na FC onde as comissárias me faziam crer que eu era realmente importante. Com atendimento impecável, o serviço de bordo era uma festa para os olhos e paladar. Nada de refeições mata-fome. Comissárias deslumbrantes serviam banquetes em serviço de porcelana japonesa, talheres de prata, guardanapos envoltos em argolas de prata, taças de vinho e champanhe de cristal, toalhas de linho e iguarias que nos faziam crer que estávamos no céu.
Foi-se essa época tão bem retratada pela Cláudia, sem nenhum exagero porque pude comprovar o alto grau de profissionalismo da Varig.
Viajar hoje se tornou uma experiência incômoda. Para chegar à aeronave há que se enfrentar imensas filas onde me sinto como gado confinado nos estreitos corredores a caminho do abate. Em seguida, vem a segurança a exigir a retirada de sapatos, cintos, carteira, canetas e objetos pessoais e a entrar numa cabine de scanner para nos deixar nus e sermos apreciados por funcionários sem nenhuma preocupação pelo nosso bem-estar. Enfim os tempos mudaram do requinte, sofisticação e elegância para a mediocridade. A época de glamour se foi e hoje temos uma idéia aproximada do inferno.

Obrigado Cláudia por me proporcionar essa oportunidade única de reviver momentos tão agradáveis.
Dagoberto Aranha Pacheco, autor de LABIRINTO

Nenhum comentário:

Postar um comentário