Rio
de Janeiro, 5/12/2011
Vera,
Já passa de
meia-noite e cá estou tentando achar as palavras que caibam para descrever a
emoção sentida ao assistir “Palácio do Fim” nesse domingo.
Ali na cadeira
16 primeiro olhei com minúcia o teatro de arena que tanto aproxima atores da
platéia e deixa fluir as vibrações em encontro que comove, move e alimenta;
depois me mantive alerta para a expectativa instalada em vê-la em cena, visto
que a tela de televisão já havia mostrado sua habilidade em perceber, emocionar
e levar ao público o texto do autor.
O elenco, a
direção, a cenografia, a iluminação, os figurinos, o programa, a criação
musical, são irretocáveis. O texto denso, marcado, forte, tensiona músculos,
seca a saliva e joga adrenalina do palco aos espectadores. A peça vai num
crescendo, abalando, impressionando e trazendo a tona tragédias de pessoas que
vivenciaram a ditadura iraquiana, a arrogância daqueles que se julgam no
direito de invadir um país para melhorá-lo, usurpando sua cultura,
roubando-lhes direitos, querendo impor-lhes ocidentalização, arrancando-lhes as
raízes e daqueles que, mesmo negando o motivo, assistiram torturas, estupros e mortes
descabidas.
Sua
interpretação de Nehrjas Al Saffarh vai aumentando de intensidade,
seu olhar ganha força, suas mãos tremem, sua voz atordoa e seu gestual imitando
o ventilador faz as pás dos corações presentes girarem como móbile enlouquecido
em furacão, culminando com nossas lágrimas pela dor de seus filhos, de sua
pátria, de seu marido, de suas crenças. Magistral!
Sou
uma apaixonada por teatro, por arte, pela criatividade do autor, pela doação
dos atores e sei o quanto é importante a manifestação do público, da admiração,
dos aplausos. Ver e fazer parte do público que os aplaudiu em pé por tantos
minutos me fez entender mais do que nunca a frase de Confúcio: “Escolha um
trabalho que ama e não terá que trabalhar um só dia em sua vida”. Se ela foi
fundamental em minha vida de aeromocinha, tenho certeza que lhe cabe como
direito, já que atuar seja tão natural para você.
Obrigada
por horas inesquecíveis, obrigada por me fazer chorar. Perdoe-me se mal falei
com você, estava perplexa com tantos sentimentos. Aguardarei seus comentários
sobre o Estrela Brasileira.
Cláudia
Vasconcelos
Nenhum comentário:
Postar um comentário