Capa do livro

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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

E o "Estrela" segue conquistando leitores/fãs pelo mundo.


Querida Cláudia
Acabei de ler seu livro “Estrela Brasileira.” Adorei-o. Sua leitura me envolveu totalmente. Por isto eu digo: Obrigada por essa alegria. Obrigada por me fazer, através do seu relato, lembrar e reviver detalhes já adormecidos em minha mente. E obrigada também por esclarecer a triste e absurda decadência da nossa querida VARIG. Na época eu só pude lamentar profundamente sem poder acompanhar a trajetória passo a passo, pois já estava morando na Alemanha.
O seu livro quem me presenteou e me enviou foi a Dalva Pinheiro, a comissária a quem você e sua irmã Beatriz passaram o apartamento da Gomes Carneiro, lembra? A Dalva e eu dividimos aquele pequeno apartamento até que o barulho terrível do trânsito me venceu e após um ano me mudei, mas a Dalva morou nele por muitos anos. Apesar de ela ter mudado para a VASP, nossa amizade se prolonga até os dias de hoje. Atualmente ele mora em Pelotas no sul, sua terra natal e em um dos nossos telefonemas ela me falou sobre o seu livro dizendo: “Fanny você precisa ler o livro que a Cláudia escreveu“ É maravilhoso! Agora eu posso dizer o mesmo!
         Parabéns pelo seu estilo e alto nível literário e também de informação e pesquisa histórico-sociológica, aperfeiçoando e acrescentando ao leitor conhecimentos não somente em relação às coisas técnicas da aviação, mas também como cultura geral, transmitindo com exatidão e emoção suas impressões sobre a cultura, arquitetura e o comportamento de outros povos.
         Cláudia, o seu livro realmente me emocionou, identificando-me em tudo que você fala da nossa querida VARIG. Apesar de eu não ter “vestido a camisa“ tanto quanto você, eu também a amava e tinha orgulho de ser comissária da VARIG. Sem dúvida foi uma bela profissão, mesmo sendo um trabalho extremamente estressante. Com tudo sou grata a ELA, pois me proporcionou a possibilidade de conhecer outros países com suas culturas e arquiteturas diferentes. Realmente, sem a VARIG eu não teria alçado “voos tão altos”, em todos os sentidos. A VARIG pode ter sido uma mãe para nós todos, mas com certeza fomos boas filhas, você não acha?
         Eu também como você tive muitos momentos agradáveis à bordo, recebendo elogios verbais por parte dos passageiros, que ao despedirem-se, muitos deles, beijavam a minha mão em agradecimento. Isto é que tinha importância para mim, ver o passageiro satisfeito pelo meu atendimento. Não foram poucas as vezes em que através de nossa dedicação e atenção dada à eles durante o vôo, conseguíamos mudar sua opinião e humor, quando entravam furiosos com o mau atendimento em terra.
         Saí da VARIG em 1989 quando casei e até hoje 23 anos após eu ainda sonho à noite, com frequência, com a aviação. São sonhos angustiantes, pois eu sempre me atraso para o voo ou está faltando ora a bolsa, a mala ou sapatos etc. Outras vezes trabalho exaustivamente à bordo, mas usando ainda o uniforme da época. Acontece isto também com você? Eu acho que estas sequelas psicológicas são causadas pela rígida disciplina e a constante preocupação com a pontualidade.
         Mesmo após ter deixado a VARIG eu continuei viajando com meu marido, como passageira da “First Class”. Posso dizer que conhecia os dois lados da VARIG. Quando morei por 2 anos em Zurique, a loja da VARIG era também para mim um ponto de referência, passava por lá toda a semana e recebia jornais e revistas do Brasil. O atendimento VIP em terra de Zurique era excelente.
         Viajávamos também na “First Class” da SWISSAIR e o serviço era tão bom quanto o da VARIG. Nunca poderia imaginar que excelentes empresas aéreas como VARIG e SWISSAIR um dia teriam este triste desfecho. A razão que acarretou o fechamento da SWISSAIR foi toda denunciada numa grande reportagem da TV Suíça que eu assisti aqui chocada. O banco UBS, por interesses próprios,  foi o causador de tudo isso.
         Cláudia, à medida que eu ia lendo o seu relato sobre o declínio da VARIG, revolta e indignação cresciam dentro de mim pelo absurdo da situação e o pouco caso por parte dos governantes. Foi uma grande perda, uma lacuna profunda na história brasileira.
         Eu não sabia que tudo o que você denunciou havia se passado com o AERUS. Fiquei abismada! Não tinha idéia da dimensão dramática e suas consequências para seus associados. É lamentável que exista tanta corrupção neste país. É nessas ocasiões que a gente se envergonha de ser brasileira!!!!!!!
         Moro desde 2001 no sul da Alemanha, na região do Lago de Constance que é muito bonita, mas sinto falta do clima e os dias ensolarados do Brasil e do céu sempre azul do Rio de Janeiro.
         Eu lhe desejo tudo de bom e mais uma vez muito obrigada pelo prazer e contentamento que você me deu com o seu livro. 
Um grande abraço e muitos beijos da Fanny.
PS:   Apelidada carinhosamente pelos colegas de “Fanny maravilha“ ou  “Fanny big house“

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